terça-feira, 31 de julho de 2012

A Caminho de Casa

Olá!


Muito tempo se passou desde abril, quando a equipe de campo chegou a Niterói para acompanhar e resolver a situação dos grupos de micos-leões-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) e, desde então, muita coisa aconteceu.

Além da equipe que monitora os grupos, a equipe de Educação Ambiental está visitando e informando, neste momento, a população e os moradores dos bairros e condomínios do entorno do Parque Municipal Darcy Ribeiro sobre o trabalho que desenvolvemos para a conservação tanto do mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) quanto do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia).

Os biólogos e veterinários da equipe de monitoramento têm acompanhado diariamente os grupos para ter certeza do número de indivíduos e que área de uso/território eles estão usando, para planejar a captura.

Cada grupo é formado por uma família: pai, mãe, filhotes de diferentes idades, tios e tias. Precisamos ter certeza do tamanho do grupo para não capturar indivíduos de grupos vizinhos e diferentes, pois isso poderia causar um problema sério de conflitos/brigas e até mesmo a expulsão do indivíduo.






Após meses de monitoramento capturamos dois grupos na área de floresta que fica próxima a Itaipu. As maiores dificuldades durante a captura têm sido a proximidade dos micos das casas, os animais domésticos, que são uma ameaça para os grupos, e a presença dos saguis ou micos-estrela (Callithrix spp.), também invasores abundantes na área.






Durante o monitoramento foi observado um mico-leão eletrocutado em um fio de alta tensão e outro machucado, provavelmente queimado ao encostar-se à rede elétrica. Vários moradores relataram, também, ataques e casos de predação de micos-leões-da-cara-dourada por cães e gatos domésticos.




Depois de capturados, os animais foram levados para o Centro de Primatologia do Rio de Janeiro – CPRJ, onde passaram por um protocolo de avaliação clínica que incluiu exames das condições físicas e de saúde, medidas biométricas, coletas de material biológico para análises de diversas doenças e genética. Após este manejo, os animais ficaram por cinco semanas em recintos apropriados (a chamada quarentena), para observação sanitária e aguardar os resultados dos exames.

Os exames indicaram que os micos estavam aptos à translocação, ou seja, poderiam ser soltos na Bahia. Eles então foram acomodados em caixas específicas, feitas especialmente para o transporte (cada família em uma caixa), e seguiram em voo da TAM até Porto Seguro, na Bahia. Durante a viagem os micos-leões-da-cara-dourada e a veterinária que acompanhou os grupos foram muito bem tratados por todos da TAM Cargo.


Ao chegarem à Bahia, e antes de serem soltos, os animais receberam marcas individuais com tintas especiais para facilitar a identificação no campo, e rádios transmissores para ajudar na localização e monitoramento dos grupos na floresta.

Na madrugada do dia seguinte os micos foram transportados dentro das caixas para a floresta até os locais de soltura e as famílias foram soltas distantes uma da outra. Foram deixadas bananas presas nas árvores e os pesquisadores ficaram escondidos para não espantar os micos quando saíssem das caixas. Para nossa surpresa, nenhum indivíduo, ao ser libertado, comeu das bananas. Todos saíram tranquilamente das caixas e se locomoveram calmamente pela floresta.

O monitoramento dos grupos começou no dia seguinte à soltura. A equipe localizou os micos-leões-da-cara-dourada usando o rádio receptor (que capta os sinais dos rádios transmissores colocados nos indivíduos), os grupos foram conferidos e foi possível observar os micos comendo frutos nativos, o que é um ótimo sinal de que existem alimentos na área que eles já identificaram. Os micos estão bem e parecem à vontade no novo endereço. A floresta também agradece a presença de mais um dispersor de sementes.






Esse primeiro passo foi importante para termos a certeza de que tudo o que planejamos funcionou: captura, quarentena, transporte e soltura. Não existe um método exato para translocar micos-leões entre estados e esta é a primeira vez que isto está sendo feito. Como tudo deu certo, de agora em diante seguiremos os mesmos procedimentos para as novas capturas e translocações.  






Mais uma vez contamos com a população para indicar e informar os locais de visualização dos micos-leões-da-cara-dourada em Niterói. Desta forma todos ajudam na remoção desta espécie que, apesar de ameaçada de extinção, é invasora no Rio de Janeiro; e ajudam também na translocação para uma área onde ela naturalmente ocorre.

Att.;


Equipe Pri-Matas

Endereço para Correspondência

Instituto Pri-Matas para a Conservação da Biodiversidade
Caixa Postal 3304
Bairro Savassi - BH - MG
CEP: 30112-970
E-mail: primatas.caradourada@gmail.com

Apoio Financeiro e Logístico

O projeto de levantamento dos micos-leões-da-cara-dourada está sendo financiado pelo "Lion Tamarin of Brazil Fund" - LTBF

Apoiado e licenciado pelas seguintes Instituições:
- Comitê Internacional para a Recuperação e Manejo dos Micos-Leões
- Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio
- Instituto Estadual do Ambiente - INEA/RJ
- Reserva Ecológica Municipal Darcy Ribeiro/Niterói, RJ