sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Remoção dos micos-leões-de-cara-dourada - próximos passos.



Resultados do levantamento dos micos-leões-de-cara-dourada

Em 2009 foi feito um levantamento do número de micos-leões-de-cara-dourada na região e foram observados 15 grupos (106 indivíduos). Os grupos de micos-leões-de-cara-dourada estão restritos ao Parque Estadual da Serra da Tiririca, administrado pelo INEA (Instituto Estadual do Ambiente), e à Reserva Ecológica Darcy Ribeiro, da Prefeitura Municipal de Niterói que, juntos, somam cerca de quatro mil hectares de florestas nos municípios de Niterói, Maricá e São Gonçalo.

A ameaça ao mico-leão-dourado, nativo do estado do Rio de Janeiro
Os micos-leões-da-cara-dourada não ocorrem naturalmente no estado do Rio de Janeiro, e sim no sul da Bahia e nordeste de Minas Gerais. Os indivíduos que hoje estão presentes em Niterói, Maricá e São Gonçalo foram acidentalmente soltos na área, e essas matas estão localizadas na região de distribuição original de outra espécie, o mico-leão-dourado. A introdução de micos-leões-da-cara-dourada no estado do Rio pode comprometer a sobrevivência dos micos-leões-dourados que ainda sobrevivem em matas próximas a Niterói, Maricá e São Gonçalo.

Os perigos da convivência das duas espécies

Existem grupos de mico-leão-da-cara-dourada vivendo a apenas 50 km de distância de micos-leões-dourados. Além de existir vários pequenos fragmentos de mata que podem funcionar como pontes, conectando as duas espécies, esses primatas podem se locomover em áreas abertas de mais de um quilômetro de extensão. Se nada for feito, em poucos anos a população de mico-leão-da-cara-dourada pode se expandir até alcançar as populações de micos-leões-dourados. Se isso acontecer, os animais competirão entre si pelo uso das áreas e também por alimento, pois eles comem as mesmas coisas, usam hábitats iguais e ocupam o mesmo tipo de lugar para dormir.

Esta competição poderia excluir uma das duas espécies envolvidas, o que seria muito desastroso se a espécie eliminada for o mico-leão-dourado, nativo da região. Outro perigo é a formação de híbridos, o que já foi observado em cativeiro. As consequências desse hibridismo seriam incalculáveis, mas híbridos sempre representam problemas, a ponto de comprometer a sobrevivência das duas espécies, se esses híbridos forem mais resistentes do que os originais e se espalharem rapidamente. Resultados negativos podem aparecer de imediato ou a partir da segunda ou terceira geração. As duas espécies estão na lista oficial brasileira como ameaçadas de extinção, mas o mico-leão-dourado tem uma população menor. Atualmente são conhecidos apenas mil e duzentos indivíduos, enquanto há pelo menos seis mil indivíduos de mico-leão-da-cara-dourada em sua região de ocorrência natural.

A remoção dos micos-leões-de-cara-dourada

A remoção dos micos-leões-da-cara-dourada, considerados invasores na área de ocorrência do mico-leão-dourado, é uma iniciativa inédita de manejo. Além do objetivo de remover a espécie invasora que representa um risco para a conservação de uma espécie ameaçada de extinção, vai promover a translocação (retirada dos animais da natureza para rápida transferência para outro lugar natural) e formação de uma nova população da espécie invasora que, em sua região de ocorrência natural, também é considerada ameaçada de extinção. As técnicas utilizadas poderão servir para o manejo de outras populações de outras espécies que se encontram em situação de ameaça semelhante. Além disso, trata-se de uma oportunidade única de esclarecer o público em geral sobre os riscos associados às invasões biológicas, por mais paradoxal que possa parecer o fato de uma espécie ameaçada de extinção ser, também, invasora fora de sua distribuição original.

Instituições envolvidas no Projeto de Remoção

O programa de translocação do mico-leão-da-cara-dourada será desenvolvido pelo Instituto Pri-Matas para a Conservação da Biodiversidade, em parceria com Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Conservação International-Brasil, Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD), Instituto Estadual do Ambiente (INEA-RJ), Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ), Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia (IESB), Universidade Federal do Espírito Santo/Centro Universitário Norte do Espírito Santo (UFES/CEUNES) e Veracel Celulose S.A.


Este projeto também conta com o apoio da Secretaria do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidde da Prefeitura de Niterói, RJ.


As instituições financiadoras do projeto são:

Fundação Grupo Boticário de Proteção a Natureza, Câmara de Compensação Ambiental do Rio de Janeiro, Lion Tamarin of Brazil Fund, Primate Action Fund, Margot Marsh Foundation e MBZ Species Conservation Fund.

Como será feita a remoção dos micos-leões-da-cara-dourada?


Para capturar os micos-leões-da-cara-dourada serão utilizadas armadilhas que não machucam os animais. O processo prevê a captura de quatro grupos a cada três meses, mas se a população dos invasores tiver aumentado, a previsão é de que sejam capturados mais grupos a cada três meses. Após passar por quarentena, os exemplares considerados sadios e aptos serão transportados de avião para Porto Seguro, na Bahia, para serem encaminhados de carro até a área escolhida para sua libertação (soltura). Esse será o primeiro manejo de espécies invasoras no Brasil seguindo protocolos de captura, quarentena e soltura para micos-leões. O trabalho está na fase inicial e deve ser concluído no período de três anos.

Local da soltura dos micos-leões-da-cara-dourada

Os micos-leões-da-cara-dourada serão translocados para um único remanescente florestal no sul da Bahia, numa área em que atualmente não existem populações nativas da espécie (cerca de três mil hectares pertencentes à empresa Veracel Celulose S.A.). Depois de soltos, os grupos serão monitorados por radiotelemetria durante um ano, para verificar sua adaptação à nova área. Da mesma forma, as matas de Niterói, Maricá e São Gonçalo serão monitoradas por pelo menos dois anos após a retirada dos grupos de mico-leão-da-cara-dourada.

FOTOS: ALCIDES PISSINATTI









2 comentários:

  1. Hoje dia 28 de Março 2012 vi um desses aqui em Niterói na mata nos fundos do condomínio Barravento onde moro em Piratininga.

    ResponderExcluir
  2. Oi Jean! Obrigado pela ajuda! Respondi seu email e entramos em contato! Atenciosamente, equipe Pri-Matas.

    ResponderExcluir

Endereço para Correspondência

Instituto Pri-Matas para a Conservação da Biodiversidade
Caixa Postal 3304
Bairro Savassi - BH - MG
CEP: 30112-970
E-mail: primatas.caradourada@gmail.com

Apoio Financeiro e Logístico

O projeto de levantamento dos micos-leões-da-cara-dourada está sendo financiado pelo "Lion Tamarin of Brazil Fund" - LTBF

Apoiado e licenciado pelas seguintes Instituições:
- Comitê Internacional para a Recuperação e Manejo dos Micos-Leões
- Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio
- Instituto Estadual do Ambiente - INEA/RJ
- Reserva Ecológica Municipal Darcy Ribeiro/Niterói, RJ