terça-feira, 16 de abril de 2013
Sucesso na retirada
do mico-leão-da-cara-dourada do estado do Rio de Janeiro
66
indivíduos já foram transportados para o sul da Bahia, sua região de origem
O
mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) habita a Mata
Atlântica da região sudeste da Bahia e extremo nordeste de Minas Gerais, e está
ameaçado de extinção, classificado como “Em Perigo” pelas listas da IUCN e do
Ministério do Meio Ambiente. Já o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia)
é encontrado apenas em remanescentes de Mata Atlântica da região costeira do
estado do Rio de Janeiro, e também foi incluído como “Em Perigo” nas listas
citadas. As duas espécies estão ameaçadas principalmente devido à destruição de
seus hábitats.
Em 2002 foram observados,
pela primeira vez, indivíduos de mico-leão-da-cara-dourada numa área florestada administrada
pelo INEA – Instituto Estadual do Ambiente do estado do Rio de Janeiro, em
Niterói. Os indivíduos encontrados foram inadvertidamente introduzidos nessa
área e sua população está se expandindo a ponto de ameaçar a sobrevivência dos
micos-leões-dourados (nativos) que ocorrem nas regiões vizinhas. A espécie
introduzida se alimenta dos mesmos recursos (frutos e insetos), usa os mesmos
locais de dormida, os mesmos territórios e pode comprometer a sobrevivência do
mico-leão-dourado através de competição direta e/ou introduzindo novas doenças.
Além disso, por ambas serem do gênero Leontopithecus,
essas espécies podem vir a se acasalar, dando origem a híbridos que
potencialmente ocupariam os remanescentes de Mata Atlântica, o que
representaria uma nova ameaça ao mico-leão-dourado. É urgente a remoção dos
grupos de mico-leão-da-cara-dourada da região de Niterói, São Gonçalo e Maricá
antes que o aumento e a expansão da população introduzida tornem inviável sua
retirada - e essa foi a principal recomendação dos órgãos governamentais e não
governamentais envolvidos na conservação das duas espécies, por meio do Plano
de Ação Nacional para a Conservação dos Mamíferos da Mata Atlântica Central,
coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas
Brasileiros (CPB) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio).
Assim, desde junho de
2012, a ONG Instituo Pri-Matas está capturando os micos-leões-de-cara-dourada
introduzidos no Rio de Janeiro, e depois transportando, soltando e monitorando esses
animais numa área de Mata Atlântica protegida pela Veracel Celulose
(Bemonte/BA), dentro da área de distribuição original da espécie.
Como os micos-leões-da-cara-dourada
estão vivendo em matas vizinhas à cidade (com lixo, animais domésticos, casas
etc.) e até recebem alimentos de moradores locais, podem pegar doenças das
pessoas, e por isso precisam passar por quarentena e fazer vários exames de
saúde no Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, do INEA (Guapimirim/RJ),
onde permanecem durante 30 dias e recebem alimentação e supervisão médica
diária antes de serem transportados e soltos na Bahia. Amostras de sangue,
fezes, pelos e outros materiais biológicos são enviadas para laboratórios localizados
nas universidades de São Paulo (USP), Federal Fluminense (UFF) e Paulista
(UNIP), além dos institutos Pasteur/SP e Biológico/SP, sob a coordenação do
Laboratório de Patologia Comparada de Animais Selvagens da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da USP. Após a verificação da saúde dos
animais, aqueles considerados saudáveis são transportados (cada família numa
caixa separada) pela TAM Cargo para Porto Seguro/BA, e seguem para a área de
soltura. Alguns indivíduos de cada grupo recebem rádio-colar e são soltos e
monitorados na nova área, para avaliação do sucesso do procedimento. Os gastos
com os exames e transporte são custeados pelas instituições parceiras.
Em Niterói, uma equipe de
educação ambiental do Instituto Pri-Matas e técnicos do Parque Estadual da
Serra da Tiririca, administrado pelo INEA, também ajudam a explicar aos
moradores da região a importância do projeto para a conservação dessas duas
espécies ameaçadas de extinção.
Até o momento já
capturamos 104 indivíduos e translocamos 66 para a Bahia; 17 estão na
quarentena e quatro grupos (24 animais) que apresentaram resultados positivos
para doenças permanecem em cativeiro. Calculamos que metade dos indivíduos já
foi retirada da região de Niterói e até o final do ano esperamos capturar todos
os remanescentes. No começo de março foram observados os primeiros filhotes dos
grupos soltos na Bahia, uma indicação do sucesso da adaptação dos
micos-leões-de-cara-dourada na nova área.
O projeto tem apoio do
CPB/ICMBio; da Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro e do INEA; e das secretarias
municipais de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade e de Educação
de Niterói. Recebe financiamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção à
Natureza, da RBO Energia (através da Câmera de Compensação Ambiental da
Secretaria do Ambiente – RJ), do Tropical Forest Conservation Act-TFCA/FUNBIO, do
Lion Tamarin of Brazil Funds, de Margot Marsh Biodiversity Foundation/Conservation
International e MBZ Species Conservation Fund.
Contatos: primatas.caradourada@gmail.com
(021) 2709-5221
(021) 7123-4974
terça-feira, 26 de março de 2013
Micos-leões-da-cara dourada são repatriados com sucesso
Brasília (22/03/2013) – Especialistas em primatas estão transferindo micos-leões-da-cara-dourada de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, para o Sul da Bahia, seu habitat natural. A ação é baseada em estudos que recomendam a remoção porque a espécie é tida como invasora em Niterói, habitat de outro primata, o mico-leão-dourado.
Inédita no Brasil, a operação é necessária para evitar que os dois grupos se encontrem, o que seria prejudicial à manutenção de ambas as espécies. Todo o processo obedece a protocolo recomendado por instituições internacionais de proteção animal. Tudo indica que os micos-leões-da-cara-dourada foram introduzidos em Niterói acidentalmente.
Até agora, foram capturados 104 indivíduos. Desses, 66 foram transferidos para a Bahia, 17 estão na quarentena e quatro grupos (24 animais) que apresentaram resultados positivos para doenças permanecem em cativeiro. Os especialistas calculam que metade dos animais já foi retirada da região de Niterói. Eles esperam capturar todos os remanescentes até o final do ano. No começo de março foram observados os primeiros filhotes dos grupos soltos na Bahia, o que é um bom sinal de adaptação dos micos-leões-da-cara-dourada à nova área.
O programa de remoção é conduzido pelo Instituto Pri-Matas em parceria com o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação dos Primatas Brasileiros (CPB), unidade descentralizada do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro, Instituto do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro (Inea) e secretarias municipais de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade e de Educação de Niterói. E tem financiamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, da RBO Energia (através da Câmera de Compensação Ambiental da Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro), do Tropical Forest Conservation Act-TFCA/Funbio, do Lion Tamarin of Brazil Funds, de Margot Marsh Biodiversity Foundation/Conservation International e MBZ Species Conservation Fund.
Leiam, a seguir, relatório das ações produzido pelo Instituto Pri-Matas.
"O mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) habita a Mata Atlântica da região sudeste da Bahia e extremo nordeste de Minas Gerais e está ameaçado de extinção, classificado como “Em Perigo” pelas listas da IUCN e do Ministério do Meio Ambiente. Já o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) é encontrado apenas em remanescentes de Mata Atlântica da região costeira do estado do Rio de Janeiro, e também foi incluído como “Em Perigo” nas listas citadas. As duas espécies estão ameaçadas principalmente devido à destruição de seus hábitats.
Em 2002 foram observados, pela primeira vez, indivíduos de mico-leão-da-cara-dourada numa área florestada administrada pelo Instituto Estadual do Ambiente do estado do Rio de Janeiro (Inea), em Niterói. Os indivíduos encontrados foram inadvertidamente introduzidos nessa área e sua população está se expandindo a ponto de ameaçar a sobrevivência dos micos-leões-dourados (nativos) que ocorrem nas regiões vizinhas. A espécie introduzida se alimenta dos mesmos recursos (frutos e insetos), usa os mesmos locais de dormida, os mesmos territórios e pode comprometer a sobrevivência do mico-leão-dourado através de competição direta e/ou introduzindo novas doenças.
Além disso, por ambas serem do gênero Leontopithecus, essas espécies podem vir a se acasalar, dando origem a híbridos que potencialmente ocupariam os remanescentes de Mata Atlântica, o que representaria uma nova ameaça ao mico-leão-dourado. É urgente a remoção dos grupos de mico-leão-da-cara-dourada da região de Niterói, São Gonçalo e Maricá antes que o aumento e a expansão da população introduzida tornem inviável sua retirada - e essa foi a principal recomendação dos órgãos governamentais e não governamentais envolvidos na conservação das duas espécies, por meio do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Mamíferos da Mata Atlântica Central, coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Assim, desde junho de 2012, a ONG Instituo Pri-Matas está capturando os micos-leões-de-cara-dourada introduzidos no Rio de Janeiro e, depois, transportando, soltando e monitorando esses animais numa área de Mata Atlântica protegida pela Veracel Celulose, em Belmonte, na Bahia, dentro da área de distribuição original da espécie.
Como os micos-leões-da-cara-dourada estão vivendo em matas vizinhas à cidade (com lixo, animais domésticos, casas etc.) e até recebem alimentos de moradores locais, podem pegar doenças das pessoas e, por isso, precisam passar por quarentena e fazer vários exames de saúde no Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, do Inea, em Guapimirim (RJ), onde permanecem durante 30 dias e recebem alimentação e supervisão médica diária antes de serem transportados e soltos na Bahia.
Amostras de sangue, fezes, pelos e outros materiais biológicos são enviadas para laboratórios localizados nas universidades de São Paulo (USP), Federal Fluminense (UFF) e Paulista (UNIP), além dos institutos Pasteur (SP) e Biológico (SP), sob a coordenação do Laboratório de Patologia Comparada de Animais Selvagens da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.
Após a verificação da saúde dos animais, aqueles considerados saudáveis são transportados (cada família numa caixa separada) pela TAM Cargo para Porto Seguro (BA) e seguem para a área de soltura. Alguns indivíduos de cada grupo recebem rádio-colar e são soltos e monitorados na nova área, para avaliação do sucesso do procedimento. Os gastos com os exames e transporte são custeados pelas instituições parceiras.
Em Niterói, uma equipe de educação ambiental do Instituto Pri-Matas e técnicos do Parque Estadual da Serra da Tiririca, administrado pelo Inea, também ajudam a explicar aos moradores da região a importância do projeto para a conservação dessas duas espécies ameaçadas de extinção.
Até o momento já capturamos 104 indivíduos e translocamos 66 para a Bahia; 17 estão na quarentena e quatro grupos (24 animais) que apresentaram resultados positivos para doenças permanecem em cativeiro. Calculamos que metade dos indivíduos já foi retirada da região de Niterói e até o final do ano esperamos capturar todos os remanescentes. No começo de março foram observados os primeiros filhotes dos grupos soltos na Bahia, uma indicação do sucesso da adaptação dos micos-leões-da-cara-dourada na nova área.
O projeto tem apoio do CPB/ICMBio; da Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro e do Inea; e das secretarias municipais de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade e de Educação de Niterói. Recebe financiamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, da RBO Energia (através da Câmera de Compensação Ambiental da Secretaria do Ambiente – RJ), do Tropical Forest Conservation Act-TFCA/Funbio, do Lion Tamarin of Brazil Funds, de Margot Marsh Biodiversity Foundation/Conservation International e MBZ Species Conservation Fund."
terça-feira, 31 de julho de 2012
A Caminho de Casa
Muito tempo se passou desde abril,
quando a equipe de campo chegou a Niterói para acompanhar e resolver a situação
dos grupos de micos-leões-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) e,
desde então, muita coisa aconteceu.
Além da equipe que monitora os
grupos, a equipe de Educação Ambiental está visitando e informando, neste
momento, a população e os moradores dos bairros e condomínios do entorno do
Parque Municipal Darcy Ribeiro sobre o trabalho que desenvolvemos para a
conservação tanto do mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas)
quanto do mico-leão-dourado (Leontopithecus
rosalia).
Os biólogos e veterinários da equipe
de monitoramento têm acompanhado diariamente os grupos para ter certeza do
número de indivíduos e que área de uso/território eles estão usando, para planejar
a captura.
Cada grupo é formado por uma família:
pai, mãe, filhotes de diferentes idades, tios e tias. Precisamos ter certeza do
tamanho do grupo para não capturar indivíduos de grupos vizinhos e diferentes,
pois isso poderia causar um problema sério de conflitos/brigas e até mesmo a
expulsão do indivíduo.
Após meses de monitoramento capturamos dois grupos na área de floresta que fica próxima a Itaipu. As maiores dificuldades durante a captura têm sido a proximidade dos micos das casas, os animais domésticos, que são uma ameaça para os grupos, e a presença dos saguis ou micos-estrela (Callithrix spp.), também invasores abundantes na área.
Durante o monitoramento foi observado um mico-leão eletrocutado em um fio de alta tensão e outro machucado, provavelmente queimado ao encostar-se à rede elétrica. Vários moradores relataram, também, ataques e casos de predação de micos-leões-da-cara-dourada por cães e gatos domésticos.
Depois de capturados, os animais foram levados para o Centro de Primatologia do Rio de Janeiro – CPRJ, onde passaram por um protocolo de avaliação clínica que incluiu exames das condições físicas e de saúde, medidas biométricas, coletas de material biológico para análises de diversas doenças e genética. Após este manejo, os animais ficaram por cinco semanas em recintos apropriados (a chamada quarentena), para observação sanitária e aguardar os resultados dos exames.
Os exames indicaram que os micos
estavam aptos à translocação, ou seja, poderiam ser soltos na Bahia. Eles então
foram acomodados em caixas específicas, feitas especialmente para o transporte
(cada família em uma caixa), e seguiram em voo da TAM até Porto Seguro, na
Bahia. Durante a viagem os micos-leões-da-cara-dourada e a veterinária que
acompanhou os grupos foram muito bem tratados por todos da TAM Cargo.
Ao chegarem à Bahia, e antes de serem
soltos, os animais receberam marcas individuais com tintas especiais para
facilitar a identificação no campo, e rádios transmissores para ajudar na
localização e monitoramento dos grupos na floresta.
Na madrugada do dia seguinte os micos
foram transportados dentro das caixas para a floresta até os locais de soltura
e as famílias foram soltas distantes uma da outra. Foram deixadas bananas
presas nas árvores e os pesquisadores ficaram escondidos para não espantar os
micos quando saíssem das caixas. Para nossa surpresa, nenhum indivíduo, ao ser
libertado, comeu das bananas. Todos saíram
tranquilamente das caixas e se locomoveram calmamente pela floresta.
O monitoramento dos grupos começou no
dia seguinte à soltura. A equipe localizou os micos-leões-da-cara-dourada
usando o rádio receptor (que capta os sinais dos rádios transmissores colocados
nos indivíduos), os grupos foram conferidos e foi possível observar os micos
comendo frutos nativos, o que é um ótimo sinal de que existem alimentos na área
que eles já identificaram. Os micos estão bem e parecem à vontade no novo
endereço. A floresta também agradece a presença de mais um dispersor de
sementes.
Esse primeiro passo foi importante
para termos a certeza de que tudo o que planejamos funcionou: captura,
quarentena, transporte e soltura. Não existe um método exato para translocar
micos-leões entre estados e esta é a primeira vez que isto está sendo feito. Como
tudo deu certo, de agora em diante seguiremos os mesmos procedimentos para as
novas capturas e translocações.
Mais
uma vez contamos com a população para indicar e informar os locais de
visualização dos micos-leões-da-cara-dourada em Niterói. Desta forma todos
ajudam na remoção desta espécie que, apesar de ameaçada de extinção, é invasora
no Rio de Janeiro; e ajudam também na translocação para uma área onde ela
naturalmente ocorre.
Att.;
Equipe Pri-Matas
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Micos-leões-de-cara-dourada em Niterói
Bom dia a todos!
É com muito entusiasmo que iniciamos, em Niterói, as atividades de remoção do mico-leão-da-cara-dourada (invasor na área de ocorrência do mico-leão-dourado) e translocação para a Bahia. Nosso trabalho e nossa responsabilidade é devolver, repatriar, estes primatas que foram indevidamente introduzidos em Niterói-RJ, de volta ao seu ambiente natural na Bahia.
facebook
email - primatas.caradourada@gmail.com
É com muito entusiasmo que iniciamos, em Niterói, as atividades de remoção do mico-leão-da-cara-dourada (invasor na área de ocorrência do mico-leão-dourado) e translocação para a Bahia. Nosso trabalho e nossa responsabilidade é devolver, repatriar, estes primatas que foram indevidamente introduzidos em Niterói-RJ, de volta ao seu ambiente natural na Bahia.
Para isso, contamos com a ajuda e com o apoio da comunidade da cidade de Niterói, especialmente dos moradores das áreas de entorno do Parque Municipal Darcy Ribeiro, Parque Estadual da Serra da Tiririca e arredores. A sua contribuição é fundamental para a saúde e a sobrevivência dos micos-leoes-de-cara-dourada e dos micos-leões-dourados. Faça parte desse projeto!
Se este primata baiano, preto com a cara dourada, apareceu no quintal de sua casa, na casa de vizinhos ou parentes, entre em contato conosco! Nossos canais de comunicação, além do blog:
email - primatas.caradourada@gmail.com
Atenciosamente,
Equipe Pri-Matas
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Remoção dos micos-leões-de-cara-dourada - próximos passos.
Resultados do levantamento dos micos-leões-de-cara-dourada
Em 2009 foi feito um levantamento do número de micos-leões-de-cara-dourada na região e foram observados 15 grupos (106 indivíduos). Os grupos de micos-leões-de-cara-dourada estão restritos ao Parque Estadual da Serra da Tiririca, administrado pelo INEA (Instituto Estadual do Ambiente), e à Reserva Ecológica Darcy Ribeiro, da Prefeitura Municipal de Niterói que, juntos, somam cerca de quatro mil hectares de florestas nos municípios de Niterói, Maricá e São Gonçalo.
A ameaça ao mico-leão-dourado, nativo do estado do Rio de Janeiro
Os micos-leões-da-cara-dourada não ocorrem naturalmente no estado do Rio de Janeiro, e sim no sul da Bahia e nordeste de Minas Gerais. Os indivíduos que hoje estão presentes em Niterói, Maricá e São Gonçalo foram acidentalmente soltos na área, e essas matas estão localizadas na região de distribuição original de outra espécie, o mico-leão-dourado. A introdução de micos-leões-da-cara-dourada no estado do Rio pode comprometer a sobrevivência dos micos-leões-dourados que ainda sobrevivem em matas próximas a Niterói, Maricá e São Gonçalo.
Os perigos da convivência das duas espécies
Existem grupos de mico-leão-da-cara-dourada vivendo a apenas 50 km de distância de micos-leões-dourados. Além de existir vários pequenos fragmentos de mata que podem funcionar como pontes, conectando as duas espécies, esses primatas podem se locomover em áreas abertas de mais de um quilômetro de extensão. Se nada for feito, em poucos anos a população de mico-leão-da-cara-dourada pode se expandir até alcançar as populações de micos-leões-dourados. Se isso acontecer, os animais competirão entre si pelo uso das áreas e também por alimento, pois eles comem as mesmas coisas, usam hábitats iguais e ocupam o mesmo tipo de lugar para dormir.
Esta competição poderia excluir uma das duas espécies envolvidas, o que seria muito desastroso se a espécie eliminada for o mico-leão-dourado, nativo da região. Outro perigo é a formação de híbridos, o que já foi observado em cativeiro. As consequências desse hibridismo seriam incalculáveis, mas híbridos sempre representam problemas, a ponto de comprometer a sobrevivência das duas espécies, se esses híbridos forem mais resistentes do que os originais e se espalharem rapidamente. Resultados negativos podem aparecer de imediato ou a partir da segunda ou terceira geração. As duas espécies estão na lista oficial brasileira como ameaçadas de extinção, mas o mico-leão-dourado tem uma população menor. Atualmente são conhecidos apenas mil e duzentos indivíduos, enquanto há pelo menos seis mil indivíduos de mico-leão-da-cara-dourada em sua região de ocorrência natural.
A remoção dos micos-leões-de-cara-dourada
A remoção dos micos-leões-da-cara-dourada, considerados invasores na área de ocorrência do mico-leão-dourado, é uma iniciativa inédita de manejo. Além do objetivo de remover a espécie invasora que representa um risco para a conservação de uma espécie ameaçada de extinção, vai promover a translocação (retirada dos animais da natureza para rápida transferência para outro lugar natural) e formação de uma nova população da espécie invasora que, em sua região de ocorrência natural, também é considerada ameaçada de extinção. As técnicas utilizadas poderão servir para o manejo de outras populações de outras espécies que se encontram em situação de ameaça semelhante. Além disso, trata-se de uma oportunidade única de esclarecer o público em geral sobre os riscos associados às invasões biológicas, por mais paradoxal que possa parecer o fato de uma espécie ameaçada de extinção ser, também, invasora fora de sua distribuição original.
Instituições envolvidas no Projeto de Remoção
O programa de translocação do mico-leão-da-cara-dourada será desenvolvido pelo Instituto Pri-Matas para a Conservação da Biodiversidade, em parceria com Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Conservação International-Brasil, Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD), Instituto Estadual do Ambiente (INEA-RJ), Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ), Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia (IESB), Universidade Federal do Espírito Santo/Centro Universitário Norte do Espírito Santo (UFES/CEUNES) e Veracel Celulose S.A.
Em 2009 foi feito um levantamento do número de micos-leões-de-cara-dourada na região e foram observados 15 grupos (106 indivíduos). Os grupos de micos-leões-de-cara-dourada estão restritos ao Parque Estadual da Serra da Tiririca, administrado pelo INEA (Instituto Estadual do Ambiente), e à Reserva Ecológica Darcy Ribeiro, da Prefeitura Municipal de Niterói que, juntos, somam cerca de quatro mil hectares de florestas nos municípios de Niterói, Maricá e São Gonçalo.
A ameaça ao mico-leão-dourado, nativo do estado do Rio de Janeiro
Os micos-leões-da-cara-dourada não ocorrem naturalmente no estado do Rio de Janeiro, e sim no sul da Bahia e nordeste de Minas Gerais. Os indivíduos que hoje estão presentes em Niterói, Maricá e São Gonçalo foram acidentalmente soltos na área, e essas matas estão localizadas na região de distribuição original de outra espécie, o mico-leão-dourado. A introdução de micos-leões-da-cara-dourada no estado do Rio pode comprometer a sobrevivência dos micos-leões-dourados que ainda sobrevivem em matas próximas a Niterói, Maricá e São Gonçalo.
Os perigos da convivência das duas espécies
Existem grupos de mico-leão-da-cara-dourada vivendo a apenas 50 km de distância de micos-leões-dourados. Além de existir vários pequenos fragmentos de mata que podem funcionar como pontes, conectando as duas espécies, esses primatas podem se locomover em áreas abertas de mais de um quilômetro de extensão. Se nada for feito, em poucos anos a população de mico-leão-da-cara-dourada pode se expandir até alcançar as populações de micos-leões-dourados. Se isso acontecer, os animais competirão entre si pelo uso das áreas e também por alimento, pois eles comem as mesmas coisas, usam hábitats iguais e ocupam o mesmo tipo de lugar para dormir.
Esta competição poderia excluir uma das duas espécies envolvidas, o que seria muito desastroso se a espécie eliminada for o mico-leão-dourado, nativo da região. Outro perigo é a formação de híbridos, o que já foi observado em cativeiro. As consequências desse hibridismo seriam incalculáveis, mas híbridos sempre representam problemas, a ponto de comprometer a sobrevivência das duas espécies, se esses híbridos forem mais resistentes do que os originais e se espalharem rapidamente. Resultados negativos podem aparecer de imediato ou a partir da segunda ou terceira geração. As duas espécies estão na lista oficial brasileira como ameaçadas de extinção, mas o mico-leão-dourado tem uma população menor. Atualmente são conhecidos apenas mil e duzentos indivíduos, enquanto há pelo menos seis mil indivíduos de mico-leão-da-cara-dourada em sua região de ocorrência natural.
A remoção dos micos-leões-de-cara-dourada
A remoção dos micos-leões-da-cara-dourada, considerados invasores na área de ocorrência do mico-leão-dourado, é uma iniciativa inédita de manejo. Além do objetivo de remover a espécie invasora que representa um risco para a conservação de uma espécie ameaçada de extinção, vai promover a translocação (retirada dos animais da natureza para rápida transferência para outro lugar natural) e formação de uma nova população da espécie invasora que, em sua região de ocorrência natural, também é considerada ameaçada de extinção. As técnicas utilizadas poderão servir para o manejo de outras populações de outras espécies que se encontram em situação de ameaça semelhante. Além disso, trata-se de uma oportunidade única de esclarecer o público em geral sobre os riscos associados às invasões biológicas, por mais paradoxal que possa parecer o fato de uma espécie ameaçada de extinção ser, também, invasora fora de sua distribuição original.
Instituições envolvidas no Projeto de Remoção
O programa de translocação do mico-leão-da-cara-dourada será desenvolvido pelo Instituto Pri-Matas para a Conservação da Biodiversidade, em parceria com Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Conservação International-Brasil, Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD), Instituto Estadual do Ambiente (INEA-RJ), Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ), Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia (IESB), Universidade Federal do Espírito Santo/Centro Universitário Norte do Espírito Santo (UFES/CEUNES) e Veracel Celulose S.A.
Este projeto também conta com o apoio da Secretaria do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidde da Prefeitura de Niterói, RJ.
As instituições financiadoras do projeto são:
Fundação Grupo Boticário de Proteção a Natureza, Câmara de Compensação Ambiental do Rio de Janeiro, Lion Tamarin of Brazil Fund, Primate Action Fund, Margot Marsh Foundation e MBZ Species Conservation Fund.
Como será feita a remoção dos micos-leões-da-cara-dourada?
Para capturar os micos-leões-da-cara-dourada serão utilizadas armadilhas que não machucam os animais. O processo prevê a captura de quatro grupos a cada três meses, mas se a população dos invasores tiver aumentado, a previsão é de que sejam capturados mais grupos a cada três meses. Após passar por quarentena, os exemplares considerados sadios e aptos serão transportados de avião para Porto Seguro, na Bahia, para serem encaminhados de carro até a área escolhida para sua libertação (soltura). Esse será o primeiro manejo de espécies invasoras no Brasil seguindo protocolos de captura, quarentena e soltura para micos-leões. O trabalho está na fase inicial e deve ser concluído no período de três anos.
Local da soltura dos micos-leões-da-cara-dourada
Os micos-leões-da-cara-dourada serão translocados para um único remanescente florestal no sul da Bahia, numa área em que atualmente não existem populações nativas da espécie (cerca de três mil hectares pertencentes à empresa Veracel Celulose S.A.). Depois de soltos, os grupos serão monitorados por radiotelemetria durante um ano, para verificar sua adaptação à nova área. Da mesma forma, as matas de Niterói, Maricá e São Gonçalo serão monitoradas por pelo menos dois anos após a retirada dos grupos de mico-leão-da-cara-dourada.
FOTOS: ALCIDES PISSINATTI
Fundação Grupo Boticário de Proteção a Natureza, Câmara de Compensação Ambiental do Rio de Janeiro, Lion Tamarin of Brazil Fund, Primate Action Fund, Margot Marsh Foundation e MBZ Species Conservation Fund.
Como será feita a remoção dos micos-leões-da-cara-dourada?
Para capturar os micos-leões-da-cara-dourada serão utilizadas armadilhas que não machucam os animais. O processo prevê a captura de quatro grupos a cada três meses, mas se a população dos invasores tiver aumentado, a previsão é de que sejam capturados mais grupos a cada três meses. Após passar por quarentena, os exemplares considerados sadios e aptos serão transportados de avião para Porto Seguro, na Bahia, para serem encaminhados de carro até a área escolhida para sua libertação (soltura). Esse será o primeiro manejo de espécies invasoras no Brasil seguindo protocolos de captura, quarentena e soltura para micos-leões. O trabalho está na fase inicial e deve ser concluído no período de três anos.
Local da soltura dos micos-leões-da-cara-dourada
Os micos-leões-da-cara-dourada serão translocados para um único remanescente florestal no sul da Bahia, numa área em que atualmente não existem populações nativas da espécie (cerca de três mil hectares pertencentes à empresa Veracel Celulose S.A.). Depois de soltos, os grupos serão monitorados por radiotelemetria durante um ano, para verificar sua adaptação à nova área. Da mesma forma, as matas de Niterói, Maricá e São Gonçalo serão monitoradas por pelo menos dois anos após a retirada dos grupos de mico-leão-da-cara-dourada.
FOTOS: ALCIDES PISSINATTI
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Esclarecimentos a respeito da retirada dos micos-leões-de-cara-dourada de Niterói
Tudo dentro de uma floresta tende ao equilíbrio e qualquer interferência pode acabar com essa harmonia. Principalmente a presença humana, seja direta, através do desmatamento, retirada de lenha e caça, seja indireta, pelo lixo produzido, poluição ou proximidade dos animais domésticos, interfere nesse equilíbrio tão delicado.
É mais ou menos como um motor de um carro que não funciona direito quando uma única peça (às vezes a menor e de aparência mais insignificante) está com defeito. A diferença é que conhecemos o motor do carro e um mau funcionamento faz o carro parar, chamando nossa atenção imediata para o problema, enquanto na floresta as espécies vão desaparecendo gradualmente e, quando percebemos que as coisas não estão funcionando bem, geralmente é tarde demais, e várias espécies já se extinguiram.
Algumas pessoas pensam que restaurar ecossistemas e impedir a extinção de espécies dentro de uma floresta são processos simples, mas não são! O sistema é tão complexo e são tantos os componentes e as conexões, que a perda de um simples fungo, por exemplo, pode comprometer o "funcionamento do motor" e desencadear um processo com conseqüências que podem ser catastróficas, ainda que perceptíveis apenas depois de anos.
Há casos em que um ecossistema natural funciona como o corpo humano, onde, por exemplo, o mau funcionamento de algumas artérias não leva, necessariamente, a um ataque cardíaco, e a perda de alguns neurônios não impede o funcionamento do cérebro, uma vez que nosso organismo usa outros meios que antes não eram tão importantes (rotas alternativas) para compensar a passagem do sangue ou as informações nervosas - e, assim, continuamos vivos. Numa floresta, algumas conexões perdidas também podem, eventualmente, ser substituídas, mas como no corpo humano essa perda tem limites e, se abusarmos, um dia nosso organismo entra em colapso, com danos que podem ser permanentes ou irreversíveis.
Mas o que isso tem a ver com o mico-leão-de-cara-dourada? Tudo!
O mico-leão-de-cara-dourada é uma peça estranha nas florestas de Niterói, São Gonçalo e Maricá, e por isso está interferindo negativamente neste ambiente. Em condições naturais, essa espécie vive em harmonia apenas em algumas florestas da Bahia, onde evoluiu e é parte integrante natural do sistema, junto com outras plantas e animais nativos (muitos deles exclusivos) daquela região específica. Já na região de Niterói, esse mico-leão de origem baiana foi solto artificialmente; alguém abriu as gaiolas e deixou os micos saírem! Aqui em Niterói e região ele atrapalha, pode causar um estrago sem precedentes e tem potencial para se tornar uma praga que prejudicará profundamente a sobrevivência das espécies nativas da região.
Uma espécie se torna praga quando desequilibra o ambiente em que vive e passa a comer, se reproduzir ou desempenhar outra função sem controle, ameaçando outras espécies que ocorrem na área. A população de mico-leão-de-cara-dourada que foi solta em Niterói está crescendo descontroladamente. Essa quantidade de indivíduos maior do que a normal, se alimentando diariamente de frutos e insetos das matas locais, faz com que outros animais que também dependem desse recurso para sobreviver, como as aves, passem fome, podendo até desaparecer da região; há também o risco de consumo excessivo de determinadas espécies de insetos e plantas, levando-as à extinção local.
As pessoas que soltaram esses micos-leões baianos provavelmente não tinham idéia do mal potencial que esses animais podem causar. E se tivessem soltado leões ao invés de micos-leões? O que teria acontecido? Não podemos ficar soltando animais em qualquer lugar porque o dano pode ser catastrófico.
Essa população de micos-leões-de-cara-dourada que está crescendo rapidamente não vai ficar restrita apenas à Serra da Tiririca e ao parque Darcy Ribeiro. Na medida em que se aproximam da idade adulta, os jovens da espécie saem de seus grupos originais para formar novos grupos, que precisarão ocupar outras áreas. Um dos maiores problemas é que em outras matas do estado do Rio de Janeiro já existe o mico-leão-dourado, que é nativo. Com a expansão da área de ocupação do mico-leão-de-cara-dourada, há risco de contato com as populações naturais de mico-leão-dourado, que podem ser expulsas das matas restantes e/ou até levadas à extinção. Mesmo sem essa nova ameaça, o mico-leão-dourado, espécie exclusivamente fluminense, corre risco de extinção muito maior do que seu parente baiano; essa expansão artificial (causada pelo homem) do mico-leão-de-cara-dourada pode ser a causa final de uma catástrofe que vem sendo evitada e combatida há décadas: a extinção do mico-leão-dourado.
É mais ou menos como um motor de um carro que não funciona direito quando uma única peça (às vezes a menor e de aparência mais insignificante) está com defeito. A diferença é que conhecemos o motor do carro e um mau funcionamento faz o carro parar, chamando nossa atenção imediata para o problema, enquanto na floresta as espécies vão desaparecendo gradualmente e, quando percebemos que as coisas não estão funcionando bem, geralmente é tarde demais, e várias espécies já se extinguiram.
Algumas pessoas pensam que restaurar ecossistemas e impedir a extinção de espécies dentro de uma floresta são processos simples, mas não são! O sistema é tão complexo e são tantos os componentes e as conexões, que a perda de um simples fungo, por exemplo, pode comprometer o "funcionamento do motor" e desencadear um processo com conseqüências que podem ser catastróficas, ainda que perceptíveis apenas depois de anos.
Há casos em que um ecossistema natural funciona como o corpo humano, onde, por exemplo, o mau funcionamento de algumas artérias não leva, necessariamente, a um ataque cardíaco, e a perda de alguns neurônios não impede o funcionamento do cérebro, uma vez que nosso organismo usa outros meios que antes não eram tão importantes (rotas alternativas) para compensar a passagem do sangue ou as informações nervosas - e, assim, continuamos vivos. Numa floresta, algumas conexões perdidas também podem, eventualmente, ser substituídas, mas como no corpo humano essa perda tem limites e, se abusarmos, um dia nosso organismo entra em colapso, com danos que podem ser permanentes ou irreversíveis.
Mas o que isso tem a ver com o mico-leão-de-cara-dourada? Tudo!
O mico-leão-de-cara-dourada é uma peça estranha nas florestas de Niterói, São Gonçalo e Maricá, e por isso está interferindo negativamente neste ambiente. Em condições naturais, essa espécie vive em harmonia apenas em algumas florestas da Bahia, onde evoluiu e é parte integrante natural do sistema, junto com outras plantas e animais nativos (muitos deles exclusivos) daquela região específica. Já na região de Niterói, esse mico-leão de origem baiana foi solto artificialmente; alguém abriu as gaiolas e deixou os micos saírem! Aqui em Niterói e região ele atrapalha, pode causar um estrago sem precedentes e tem potencial para se tornar uma praga que prejudicará profundamente a sobrevivência das espécies nativas da região.
Uma espécie se torna praga quando desequilibra o ambiente em que vive e passa a comer, se reproduzir ou desempenhar outra função sem controle, ameaçando outras espécies que ocorrem na área. A população de mico-leão-de-cara-dourada que foi solta em Niterói está crescendo descontroladamente. Essa quantidade de indivíduos maior do que a normal, se alimentando diariamente de frutos e insetos das matas locais, faz com que outros animais que também dependem desse recurso para sobreviver, como as aves, passem fome, podendo até desaparecer da região; há também o risco de consumo excessivo de determinadas espécies de insetos e plantas, levando-as à extinção local.
As pessoas que soltaram esses micos-leões baianos provavelmente não tinham idéia do mal potencial que esses animais podem causar. E se tivessem soltado leões ao invés de micos-leões? O que teria acontecido? Não podemos ficar soltando animais em qualquer lugar porque o dano pode ser catastrófico.
Essa população de micos-leões-de-cara-dourada que está crescendo rapidamente não vai ficar restrita apenas à Serra da Tiririca e ao parque Darcy Ribeiro. Na medida em que se aproximam da idade adulta, os jovens da espécie saem de seus grupos originais para formar novos grupos, que precisarão ocupar outras áreas. Um dos maiores problemas é que em outras matas do estado do Rio de Janeiro já existe o mico-leão-dourado, que é nativo. Com a expansão da área de ocupação do mico-leão-de-cara-dourada, há risco de contato com as populações naturais de mico-leão-dourado, que podem ser expulsas das matas restantes e/ou até levadas à extinção. Mesmo sem essa nova ameaça, o mico-leão-dourado, espécie exclusivamente fluminense, corre risco de extinção muito maior do que seu parente baiano; essa expansão artificial (causada pelo homem) do mico-leão-de-cara-dourada pode ser a causa final de uma catástrofe que vem sendo evitada e combatida há décadas: a extinção do mico-leão-dourado.
Existe ainda o risco de cruzamento entre essas duas espécies, gerando descendentes híbridos com resultados totalmente imprevisíveis. Já escutamos comentários de que o cruzamento dessas duas espécies pode criar uma "nova espécie", mas isso está completamente errado! Duas espécies diferentes (como esses dois micos-leões) não são como variedades de milho, que você cruza e cruza novamente, e novamente, até obter novas variedades com qualidades selecionadas de acordo com a necessidade do agricultor (milho para pipoca, milho para farinha, milho para comer na espiga, etc.). É tão difícil manter essas qualidades que os produtores clonam as variedades para manter a qualidade do tipo de milho escolhido.
No mundo natural os híbridos podem herdar características que os tornarão mais fracos, menos aptos a sobreviver, em comparação com as espécies originais. Mas também pode acontecer o contrário, ou seja, os híbridos gerados podem ser mais fortes, se expandir rapidamente e, no caso desses primatas, suplantar os micos-leões-dourados. Isso seria o fim do mico-leão-dourado na natureza, porque depois que duas espécies se misturam, gerando diversas gerações de híbridos, não há mais como separá-las e "resgatar" as formas originais, e isso acontece mesmo com os híbridos mais fracos.
Seja como conseqüência do desequilíbrio causado ao ecossistema (no caso, as florestas de Niterói), pela competição ou pela hibridação (mico-leão-dourado X mico-leão-de-cara-dourada), no final, a introdução dessa espécie não nativa do estado do Rio de Janeiro pode causar o desaparecimento de várias outras espécies e empobrecer violentamente as matas da região.
Não podemos simplesmente cruzar os braços e deixar que as coisas aconteçam, pois os piores cenários ambientais podem ser acarretados por esse tipo de atitude passiva. No mundo todo há relatos extremamente sérios e bem documentados a respeito de tragédias ambientais causadas pela introdução de espécies não-nativas em ecossistemas que estavam tentando se manter em equilíbrio. Muitos desses casos são calamidades sem retorno! As áreas florestais restantes nos municípios de Niterói, São Gonçalo e Maricá já estão em situação de alerta em termos de conservação, pois são poucas e muitas estão isoladas entre si, estão cercadas por zonas urbanas, industriais e rodoviárias, e todas já se encontram seriamente descaracterizadas por conta do avanço de plantas e animais não-nativos sobre suas matas. Dentro do possível, elas devem ser mantidas como matas nativas, protegidas das violências desse tipo de descaracterização, pois são áreas de preservação ambiental e não quintais residenciais ou grandes jardins privados.
Temos que interferir sempre que ameaças mais sérias são detectadas, antes que se atinja graus irreversíveis de catástrofe. Por isso é necessário remover os micos-leões-de-cara-dourada das florestas de Niterói e região.
Nossa proposta é retirar as "peças estranhas" que vieram da Bahia (o mico-leão-de-cara-dourada) e seus descendentes, que estão perigosamente atrapalhando e desestruturando o ambiente local. Para o futuro, planejamos soltar micos-leões-dourados, numa tentativa mais adequada de tentar fazer com que a floresta volte a ser como era antes - pois este sim, o mico-leão-dourado, ocorria naturalmente nas matas de Niterói, São Gonçalo, Maricá e região, pelo menos até o começo do século XX. Com a exclusão do intruso "de-cara-dourada", o filho pródigo, legitimamente fluminense, poderá voltar para casa.
Quando andamos na região ficamos impressionados com o tanto de floresta preservada que ainda existe em Niterói e queremos ajudar a proteger essas áreas. Não queremos prejudicar ninguém e, podem acreditar, capturar e remover os micos-leões-de-cara-dourada vai impedir que o mal cresça ainda mais. Sabemos que muitas pessoas em Niterói também estão trabalhando para proteger a fauna e a flora da região. Assim, pedimos que compreendam que estamos aqui para ajudar, colocando nossa experiência técnica e profissional a serviço do melhor destino possível dessa mesma fauna e flora.
Quaisquer dúvidas que vocês tiverem, por favor, nos procurem para conversar mais, esclarecer e discutir o assunto.
No mundo natural os híbridos podem herdar características que os tornarão mais fracos, menos aptos a sobreviver, em comparação com as espécies originais. Mas também pode acontecer o contrário, ou seja, os híbridos gerados podem ser mais fortes, se expandir rapidamente e, no caso desses primatas, suplantar os micos-leões-dourados. Isso seria o fim do mico-leão-dourado na natureza, porque depois que duas espécies se misturam, gerando diversas gerações de híbridos, não há mais como separá-las e "resgatar" as formas originais, e isso acontece mesmo com os híbridos mais fracos.
Seja como conseqüência do desequilíbrio causado ao ecossistema (no caso, as florestas de Niterói), pela competição ou pela hibridação (mico-leão-dourado X mico-leão-de-cara-dourada), no final, a introdução dessa espécie não nativa do estado do Rio de Janeiro pode causar o desaparecimento de várias outras espécies e empobrecer violentamente as matas da região.
Não podemos simplesmente cruzar os braços e deixar que as coisas aconteçam, pois os piores cenários ambientais podem ser acarretados por esse tipo de atitude passiva. No mundo todo há relatos extremamente sérios e bem documentados a respeito de tragédias ambientais causadas pela introdução de espécies não-nativas em ecossistemas que estavam tentando se manter em equilíbrio. Muitos desses casos são calamidades sem retorno! As áreas florestais restantes nos municípios de Niterói, São Gonçalo e Maricá já estão em situação de alerta em termos de conservação, pois são poucas e muitas estão isoladas entre si, estão cercadas por zonas urbanas, industriais e rodoviárias, e todas já se encontram seriamente descaracterizadas por conta do avanço de plantas e animais não-nativos sobre suas matas. Dentro do possível, elas devem ser mantidas como matas nativas, protegidas das violências desse tipo de descaracterização, pois são áreas de preservação ambiental e não quintais residenciais ou grandes jardins privados.
Temos que interferir sempre que ameaças mais sérias são detectadas, antes que se atinja graus irreversíveis de catástrofe. Por isso é necessário remover os micos-leões-de-cara-dourada das florestas de Niterói e região.
Nossa proposta é retirar as "peças estranhas" que vieram da Bahia (o mico-leão-de-cara-dourada) e seus descendentes, que estão perigosamente atrapalhando e desestruturando o ambiente local. Para o futuro, planejamos soltar micos-leões-dourados, numa tentativa mais adequada de tentar fazer com que a floresta volte a ser como era antes - pois este sim, o mico-leão-dourado, ocorria naturalmente nas matas de Niterói, São Gonçalo, Maricá e região, pelo menos até o começo do século XX. Com a exclusão do intruso "de-cara-dourada", o filho pródigo, legitimamente fluminense, poderá voltar para casa.
Quando andamos na região ficamos impressionados com o tanto de floresta preservada que ainda existe em Niterói e queremos ajudar a proteger essas áreas. Não queremos prejudicar ninguém e, podem acreditar, capturar e remover os micos-leões-de-cara-dourada vai impedir que o mal cresça ainda mais. Sabemos que muitas pessoas em Niterói também estão trabalhando para proteger a fauna e a flora da região. Assim, pedimos que compreendam que estamos aqui para ajudar, colocando nossa experiência técnica e profissional a serviço do melhor destino possível dessa mesma fauna e flora.
Quaisquer dúvidas que vocês tiverem, por favor, nos procurem para conversar mais, esclarecer e discutir o assunto.
domingo, 21 de junho de 2009
Onde estão localizados os micos-leões-de-cara-dourada em Niterói
Os grupos de micos-leões-de-cara-dourada estão distribuidos na Reserva Ecológica Municipal Darcy Ribeiro/Prefeitura de Niterói e no Parque Estadual da Serra da Tiririca/INEA.
Essas áreas estão localizadas na região de distribuição original do mico-leão-dourado que ocorre somento no Estado do Rio de Janeiro. A introdução de outra espécie de mico-leão pode comprometer a sobrevivência dos micos-leões-dourados que ocorrem em regiões vizinhas.
Os micos-leões-da-cara-dourada introduzidos e invasores podem expulsar os micos-leões-dourados, através da competição direta e/ou introduzindo doenças que não existiam na região. Além disso, o que representaria uma catástrofe, as duas espécies poderiam se misturar, dando origem a uma população de híbridos, que com certeza se espalhariam, ocupariam os remanescentes de Mata Atlântica e poderiam, inclusive, extinguir os micos-leões-dourados. A população de mico-leão-dourado mais próxima está localizada a apenas 40 Km em linha reta da área onde se encontra a população de micos-leões-da-cara-dourada.
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Endereço para Correspondência
Instituto Pri-Matas para a Conservação da Biodiversidade
Caixa Postal 3304
Bairro Savassi - BH - MG
CEP: 30112-970
E-mail: primatas.caradourada@gmail.com
Caixa Postal 3304
Bairro Savassi - BH - MG
CEP: 30112-970
E-mail: primatas.caradourada@gmail.com
Apoio Financeiro e Logístico
O projeto de levantamento dos micos-leões-da-cara-dourada está sendo financiado pelo "Lion Tamarin of Brazil Fund" - LTBF
Apoiado e licenciado pelas seguintes Instituições:
- Comitê Internacional para a Recuperação e Manejo dos Micos-Leões
- Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio
- Instituto Estadual do Ambiente - INEA/RJ
- Reserva Ecológica Municipal Darcy Ribeiro/Niterói, RJ
Apoiado e licenciado pelas seguintes Instituições:
- Comitê Internacional para a Recuperação e Manejo dos Micos-Leões
- Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio
- Instituto Estadual do Ambiente - INEA/RJ
- Reserva Ecológica Municipal Darcy Ribeiro/Niterói, RJ